Mesa-redonda ‘Biopolítica e Medicalização’ dia 9 no CFH

08/12/2014 15:01

http://noticias.ufsc.br/2014/12/mesa-redonda-biopolitica-e-medicalizacao-dia-9-no-cfh/

O Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC organiza a mesa-redonda “Biopolítica e Medicalização: indagações genealógicas” na terça-feira, 9 de dezembro, às 14h, no miniauditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), 3º andar. Será fornecido certificado de participação.

 

cartaz correto

Conselho do CFH discutirá a minuta de resolução do CNS sobre as especificidades éticas das pesquisas em ciências humanas

04/12/2014 23:23

Na próxima reunião do Conselho do CFH, quinta , 4 de dezembro, será discutida a minuta “Especificidades éticas das pesquisas na ciências sociais e humanas e de outras que se utilizam de metodologias próprias destas áreas”, do Conselho Nacional de Saúde. A proposta de resolução significa um grande avanço na adaptação da legislação sobre ética na pesquisa com seres humanos às especificidades da pesquisa na área de humanas. As modificações mais importantes estão no Artigo 13, que prevê a dispensa do TCLE quando houver ilícito ou fatos inconvenientes, e no artigo Artigo 23 -parágrafo 1, que prevê uma classificação de riscos para as pesquisas – sendo que, no caso de risco mínimo, especificidade das pesquisas na área de humanidades, o projeto é apenas cadastrado na plataforma e não precisa ser avaliado por membros do CEP. Confira a versão completa da Minuta e da Carta Circular do Conselho Nacional de Saúde sobre o GT sobre Pesquisas em Ciências Sociais e Humanas do CONEP.

http://portalcfh.ufsc.br/2014/11/28/conselho-do-cfh-discutira-a-minuta-de-resolucao-do-cns-sobre-as-especificidades-eticas-das-pesquisas-em-ciencias-humanas/

Suicídio Assistido e Eutanásia

19/11/2014 15:09

 

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/11/mae-de-jovem-que-realizou-suicidio-assistido-rebate-criticas-do-vaticano.html

Mãe de jovem que realizou suicídio assistido rebate críticas do Vaticano

Igreja classificou ação da jovem como ‘repreensível’.
‘Censurar escolha pessoal é imoral’, disse mãe de Brittany Maynard.

Do G1, em São Paulo

Foto sem data mostra Brittany Maynard, que tem um câncer no cérebro e decidiu se mudar para Oregon e cometer suicídio assisitido  (Foto: AP Photo/Maynard Family)Foto sem data mostra Brittany Maynard, que cometeu suicídio assisitido (Foto: AP Photo/Maynard Family)

A mãe da americana Brittany Maynard, que estava com câncer terminal e realizou um suicídio assistido no dia 1º de novembro, criticou os comentários feitos pelo Papa Francisco sobre o caso – o pontífice classificou o movimento pelo direito de morrer como um “pecado contra Deus”.

O principal oficial de bioética do Vaticano também chamou de “repreensível” a morte de Brittany, que tinha 29 anos. Ela foi diagnosticada em janeiro com um glioblastoma, um tumor no cérebro, e mais tarde ouviu dos médicos que só teria seis meses de vida.

“Censurar uma escolha pessoal como repreensível porque ela não vai de acordo com a crença de outra pessoa é imoral”, disse Debbie Ziegler, mãe de Brittany, em uma carta divulgada pela organização Compassion & Choices (Compaixão e Escolhas), que luta pelo direito à morte com dignidade e que apoiou a jovem, segundo o jornal “New York Daily News”.

“A escolha de minha filha de 29 anos por morrer gentilmente ao invés de sofrer uma degradação física e mental e dores intensas não merece ser classificada como repreensível por estranhos em um continente distante, que não sabem das particularidades da situação”, afirmou.

Ela acrescentou que, como uma professora, ela reserva a palavra “repreensível” para pessoas como ditadores tirânicos e pedófilos.

“Acho difícil acreditar que alguém que a conhecida iria selecionar essa palavra para descrevê-la. Ela era voluntária, era professora, ela trabalhava para tornar o mundo um melhor lugar para viver.”

Debbie disse que os comentários do Vaticano feriram sua família em um momento de luto. “O direito de morrer para aqueles que são doentes terminais é uma questão de direitos humanos.”

TEOLOGIA E BIOÉTICA

19/11/2014 14:49

http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5793&secao=459

O não lugar do teólogo no debate bioético

Teologia Pública – Gaymon Bennett reflete sobre a relação entre ciência, tecnologia e religião, e o espaço da teologia nas discussões que envolvem a sociedade tecnocientífica

Por: Andriolli Costa e Ricardo Machado | Tradução: Isaque Gomes Correa

Imersa nos preceitos da tecnociência, a sociedade contemporânea tende a manifestar as dimensões da vida humana a partir do paradigma técnico. É assim com a economia, com a política, com as relações humanas e, até mesmo, com a religião. Em contrapartida, o teólogo Gaymon Bennett diverge deste ponto de vista, pois não compreende que a religião esteja subordinada à ciência. “As relações entre ciência, tecnologia e religião são estabelecidas nas práticas da vida diária”, destaca ele, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. E propõe: “É a partir destas práticas que devemos pensar mais seriamente nestas relações, mesmo que isso signifique pensar um pouco menos (separadamente) sobre ‘ciência’ e ‘religião'”.

Pensar a articulação entre estes dois discursos que se propõem autoconsistentes é um entrave que se manifesta mesmo no diálogo aberto entre as áreas. Bennett, que atua como consultor na área de teologia, afirma que quando os teólogos são convocados para as comissões de bioética, nunca é para atuarem verdadeiramente como teólogos. Cumprem, desta forma, papel apenas de “representantes de comunidades religiosas” ou indivíduos motivados pela busca pelo “sentido da vida”. Em verdade, ele salienta, tanto a comunidade científica quanto a religiosa e seus praticantes compartilham essências universais e atemporais. Promover a relação, e não o afastamento, pode se provar um caminho mais proveitoso para ambos.

Gaymon Bennett possui graduação e doutorado em Ética Teológica pela Graduate Theological Union, em Berkeley, nos Estados Unidos, e doutorado em Antropologia Cultural pela University of California. Foi diretor de Comunicações do curso de Ciência e Religião do Center for Theology and the Natural Sciences (CTNS) em Berkeley (EUA). Atua também como assistente de pesquisa do quadro de aconselhamento ético da Geron Corporation, que trabalha com pesquisa em células-tronco, na Califórnia, Estados Unidos. Bennett é professor de Religião, Ciência e Tecnologia na Faculty of Religious Studies, no Arizona (EUA). Junto com Ted Peters, é autor de Construindo pontes entre a ciência e a religião (São Paulo: Unesp, 2003). Com Paul Rabinow, escreveu Designing Human Practices: An Experiment with Synthetic Biology (Chicago: University Press, 2012).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Em nossas sociedades predominantemente tecnocientíficas e tecnoculturais, como se dá a relação entre ciência e religião?

Gaymon Bennett – Posso, evidentemente, apenas falar sobre a situação nos Estados Unidos, embora suspeite que muitas de minhas impressões concernentes às relações entre ciência e religião — e creio que poderíamos acrescentar tecnologia — são características também em outras partes do mundo. É absolutamente importante que façamos uma distinção de, pelo menos, dois aspectos presentes na pergunta. Primeiro, precisamos pensar sobre as múltiplas relações entre ciência, religião e tecnologia e dentro delas. Com certeza não há somente uma forma em que estes domínios da vida são reunidos. Segundo, precisamos pensar sobre a que estamos nos referindo quando usamos os termos ciência e religião, ou ciência, religião e tecnologia. O grande historiador americano da filosofia Richard McKeon  costumava ensinar a seus alunos a seguinte equação: um termo = uma palavra + um conceito + um referente. Ao longo de diferentes épocas e lugares as palavras muitas vezes permanecem as mesmas. O que tais palavras significam e a que se referem é que muda consideravelmente. Penso que, hoje, uma das principais dificuldades em compreendermos como a ciência, a religião e a tecnologia se relacionam é que, muitas vezes, não especificamos o que queremos dizer por estes termos e ao que eles se referem no mundo.

Ciência, religião e tecnologia

Isso posto, acho que existem várias maneiras de se pensar sobre como a ciência, a religião e a tecnologia se relacionam atualmente. Um modo predominante é, em grande medida, o retórico. “Ciência” e “religião” estão sendo mobilizadas em discursos contestatórios como se fossem duas entidades separadas e autoconsistentes. Uma das razões pelas quais este modo retórico funciona tão bem é porque, evidentemente num certo nível, ciência e religião se separam e, na relação entre si, são um tanto autoconsistentes. Mas esta separação e autoconsistência relativa é mais uma questão de história institucional, pois todas as comunidades científicas ou praticantes de ciências, todas as comunidades religiosas ou seus praticantes, partilham de alguma essência universal ou atemporal! Grande parte do mundo moderno tardio se constituiu sob o signo de um imaginário político — podemos chamar de um imaginário secular — que tem, há muito, separado institucionalmente religião e ciência. Então, um modo predominante é esta separação retórica e institucional da religião e ciência como autoconsistentes e mais ou menos opostas.

Pode parecer deste primeiro ponto que, numa cultura predominantemente tecnocientífica, a religião encontra-se numa posição dominada em relação à ciência e tecnologia. Não me é óbvio que este seja o caso, ao menos nos Estados Unidos. Embora seja verdade que, nos níveis de política de Estado e de investimento econômico, a ciência e a tecnologia são dominantes em relação à religião. Este simplesmente é o caso que os futuros “salvíficos” nos quais estamos investindo são, em grande parte, tecnocientíficos. Eu trabalho em instituições, públicas e privadas, que recebem centenas de milhões de dólares em financiamento e investimento visando o apoio de um futuro tecnológico. Mas ainda é o caso nos EUA que as vidas de muitas e muitas pessoas se constituam ou por legados culturais ou mesmo por instituições ativas da religião. Hoje todos estamos familiarizados com o fato de que “a religião não foi embora”, como às vezes se diz. Portanto, mesmo onde se fala sobre a religião, a ciência e a tecnologia como autoconsistentes e coisas separadas, e até mesmo onde as instituições culturais, políticas e econômicas continuam dominadas pela ciência e tecnologia, não é o caso de que a religião tenha, consequentemente, definhado.

Mundo tecnocientífico

Uma última observação sobre este tema: uma terceira forma na qual as relações entre ciência, religião e tecnologia se estabelecem — e creio que, em muitos sentidos, esta seja a mais importante e mais interessante — é o simples fato de que as pessoas e instituições estão vivendo suas vidas em mundos saturados tanto pelos legados religiosos como pelos científicos. Se for o caso de que o mundo é predominantemente tecnocientífico, ou, se pudermos dizer de forma mais cuidadosa, que as formações tecnocientíficas chegaram para permear quase todas as dimensões de nossas vidas hoje, então é o caso, não obstante, de que as comunidades e os indivíduos religiosos, bem como as comunidades e pessoas impactadas pela religião, estão simplesmente diante da tarefa de viver a vida neste mundo permeado. Isso significa, dito de forma bem simples, que os jovens religiosos estão crescendo mediando suas vidas através das tecnologias digitais; que as pessoas, religiosas e não religiosas, estão consumindo comida artificialmente modificada. Significa também que os cientistas e as instituições científicas estão abrindo espaço num mundo marcado pela religião. Meus colegas cientistas em saúde pública global, por exemplo, estão perfeitamente cientes do fato de que quando se envolvem “na base”, em partes do mundo com as maiores disparidades na saúde, eles inevitavelmente precisam interagir e trabalhar, lado a lado, com instituições religiosas. Desse modo, penso ser crucial termos em mente que as relações entre ciência, tecnologia e religião sejam estabelecidas nas práticas da vida cotidiana. Creio que sejam nestas práticas diárias que precisamos pensar mais seriamente sobre tais relações, mesmo que isso acarrete pensar um pouco menos sobre “Ciência” e “Religião”.

IHU On-Line – Qual a contribuição da teologia para o debate bioético em torno das nanobiotecnologias?

Gaymon Bennett – Em anos recentes — e falo principalmente sobre a situação nos EUA —, as contribuições da teologia têm sido modestas no campo da biotecnologia avançada. Este fato não resulta de uma carência de mentes capacitadas ou de trabalho de qualidade! Diferentemente, trata-se de uma combinação daquilo que se pode chamar “posicionalidade” e micropolítica da verdade.

Aos teólogos lhes foi dado, basicamente, uma única e importante oportunidade de contribuírem seriamente para a bioética nos EUA, e esta oportunidade se deu através da participação deles em comissões federais de bioética, ou como membros das comissões ou especialistas (peritos) que dão seus testemunhos às comissões. Em ambos os casos, houve a tendência de colocar os teólogos ou como “representantes” das comunidades religiosas ou como indivíduos motivados por “questões de significado”. Nos dois casos, os teólogos, na medida em que são autorizados a participar no jogo da verdade sobre a natureza e o significado da biotecnologia, quase nunca lhes é permitido falar como tais — ao menos não de um jeito que possam ser levados a sério. No primeiro caso, como representantes das comunidades e das tradições, a eles se pediu para desempenharem um papel de especialistas sobre o que “estas pessoas” pensam. Nesse sentido, os teólogos serviram para representar as opiniões de um círculo eleitoral. No segundo caso, quando lhes pediram para falar como especialistas (peritos) sobre questões de significado, esperavam que eles “traduzissem” o discurso religioso num discurso filosófico “geral” vernacular que é, putativamente, mais neutro e, portanto, publicamente aceitável num discurso pluralista. Nesse sentido também, não me é óbvio que se está permitindo que os teólogos sejam a voz da teologia.

Hoje, este é um problema claramente sabido, e tem havido várias tentativas de confrontá-lo, tanto dentro do estudo do secularismo e da política quanto nas próprias comissões de bioética. Um exemplo deste último, que foi bastante marcante: o primeiro encontro da comissão de bioética do governo Obama  foi sobre a questão da “biologia sintética”  — isto é, a perspectiva de ser capaz de criar formas novas de vida através de projeto assistido por computador e construção automatizada. Durante o curso destas reuniões, um dos presentes sugeriu que as “preocupações religiosas” eram aquelas que lidam com a possibilidade de “violações intrínsecas da natureza”. Um dos membros da comissão perguntou a esta pessoa o que ela queria dizer com isso, tendo recebido a seguinte reposta: “Sou de uma tradição religiosa, moldada pelo movimento dos direitos civis nos EUA; a minha tradição preocupa-se profundamente com questões de justiça. Justiça não diz respeito apenas a violações intrínsecas da natureza”. O comentário foi simples e direto: era uma preocupação para com a definição cuidadosa dos termos. Mas no curso da reunião este comentário provou-se muito disruptivo positivamente. Disruptivo porque tornou acessível o diálogo sobre o que significa falar em nome da religião em ambientes políticos a respeito da supremacia da ciência. No decorrer da conversa, outro perito disse acreditar que “se deveria pedir às pessoas religiosas que querem falar sobre suas crenças para traduzirem suas tradições em termos que sejam parte de algo como uma razão universal”. Em resposta a este outro membro da comissão, Daniel Sumasy , médico e também padre franciscano, falou: “Para traduzir nesse sentido, eu teria que retirar de minha tradição toda a sua rica especificidade. Nesse caso, por que eu teria que falar afinal?” Este foi um momento importante para se mostrar a forma na qual as vozes religiosas são disciplinadas e policiadas em tais espaços bioéticos. Estes encontros não são novos, certamente, porém permanecem sendo oportunos.

Contribuições

Um último pensamento sobre este assunto: embora eu tenha dito pensar que os teólogos deram contribuições modestas ultimamente — e me incluo aqui! —, penso que existem muitos teólogos trabalhando em campos que poderíamos chamar de religião política ou política religiosa, os quais estão tendo um impacto substancial. Nestes estão incluídos os teólogos que trabalham como parte das organizações ativistas religiosas, que fazem parcerias com outras ONGs não religiosas para levantarem questões sobre as formas nas quais as novas biotecnologias estão não só aumentando as nossas capacidades técnicas, mas também intensificando as relações de poder explorador existentes, especialmente com relação ao capitalismo global e ao cuidado com o meio ambiente. No momento, penso que estas contribuições são limitadas em parte porque tais grupos tendem a pintar todas as tecnologias e organizações tecnológicas com as mesmas cores — não acho que as questões presentes nos biocombustíveis de segunda geração, por exemplo, sejam as mesmas que se apresentam no desenvolvimento de drogas ou na saúde pública global. Não obstante, estes ativistas, trabalhando em nome de suas tradições religiosas, são parte de um mecanismo vital de levantar questões e exigir respostas na medida em que estas potências biotécnicas se intensificam.

IHU On-Line – Qual o espaço da razão e da religião na constituição do ser humano nas sociedades tecnocientíficas impactadas pela nanobiotecnologia?

Gaymon Bennett – Esta é uma pergunta muito importante, e acho que é uma daquelas que não têm uma resposta óbvia. Parece haver dois modos predominantes de razão e religião com respeito à tecnociência e à questão do humano hoje. O primeiro poderíamos chamar de “biopolítico”, ainda que eu faça algumas restrições quanto a este termo. O segundo poderíamos chamar de “dignitário”. O que quero dizer por biopolítico é que a maioria das vozes religiosas nos diálogos sobre como a tecnociência está contribuindo para moldar os nossos futuros humanos torna-se na questão de como — ou se — a vida pode ser melhorada em termos biomédicos ou ambientais. A resposta conhecida dos intelectuais religiosos a questões sobre as novas tecnologias tende a incluir algo no sentido da ideia segundo a qual as novas tecnologias são aceitáveis até o ponto em que elas contribuem para melhorias na saúde — humana e ambiental. É neste sentido que penso que a razão religiosa está sendo indexada ao biopolítico: a ideia de que o que realmente importa sobre as novas tecnologias e, talvez, até mesmo sobre as novas formas tecnocientíficas, de forma mais ampla, é até que ponto elas contribuem ou não para a melhoria médica e ambiental da vida, junto da questão de quem são aqueles que têm suas vidas melhoradas e quem, por assim dizer, “se deixa morrer”.

Eu penso, na verdade, que este modo biopolítico de raciocínio é bem importante na atualidade. O termo biopolítica, em muitos círculos acadêmicos, refere-se às potências nefastas do mundo moderno — exploração e dominação sob o signo do neoliberalismo. Uma série de textos filosóficos bastante importantes, escritos cerca de uma década atrás, marcaram a biopolítica como a lógica da era dos impérios modernos ou dos campos modernos de extermínio. Compreendido propriamente, no entanto, penso que biopolítica aponta para a questão de até que ponto estamos investindo na melhoria dos padrões de saúde das pessoas e populações. Nesse sentido, trata-se simplesmente da lógica que visa o aumento da vida e não pode, por si, fazer perguntas tais como: vidas de quem? Sob quais condições? Quem está decidindo? Quem está sendo excluído? Quem está sendo desempoderado? E assim por diante. Os críticos da biopolítica estão muito certos em discernir que, em situações de biopolítica, há muitas e muitas pessoas sendo excluídas e exploradas. O problema, todavia, e onde eu penso que precisamos permanecer vigilantes sobre não desistir de contrariarmos os regimes biopolíticos, é que estes regimes estão, na verdade, sendo deixados para as cúpulas em muitas partes do mundo e em muitas comunidades. Nos EUA, assim como noutros lugares, as disparidades na área da saúde entre ricos e pobres são enormes e flagrantes. Nesta situação de disparidade, acho que os intelectuais religiosos e outros críticos religiosos deveriam continuar exigindo que a vida dos mais vulneráveis fosse melhorada.

Dignidade humana

Um segundo modo de raciocínio que, penso eu, as comunidades religiosas estão fomentando em relação à questão da tecnociência e aos nossos futuros humanos é o que, em minha obra, chamo de “dignitário” — um estilo de razão política e antropológica que se ancora na noção da dignidade humana. Os modos dignitários de raciocínio são aqueles ancorados numa visão de humano como, de alguma forma, intrinsecamente inviolável. Eles operam numa lógica que chamo de “archonic” [literalmente, arcônico] — formado a partir dos termos gregos para “primordial” e “juiz”. Uma forma arcônica de raciocínio sobre o humano é uma forma de pensar que afirma que os humanos são, primordialmente, definidos por uma dignidade intrínseca e que esta dignidade intrínseca pode ser usada para julgar o estado atual das coisas no mundo. Então, é importante compreender que uma noção arcônica ou intrínseca da dignidade humana é, na verdade, relativamente nova. Antes do desenvolvimento das Nações Unidas e, depois, no Concílio Vaticano II  na década de 1960, a noção de dignidade humana normalmente se referia ou a um aspecto particular ou característico dos seres humanos — de que eles eram racionais ou que foram criados por Deus, etc. — ou que a dignidade era algo alcançado através da posição na vida, tal como a unção dos reis, ou algo alcançado através do autodesenvolvimento (automelhoramento), tais como as noções renascentistas de cultivo das virtudes do tipo “divinas”. A política dignitária hoje, seja em ambiente religioso ou não religioso, tende, pelo contrário, a enxergar a dignidade humana como intrínseca e primordial — sempre já dada e que se autojustifica.

Modos Dignitários

Os modos dignitários de raciocínio tendem a estar articulados através do discurso dos direitos humanos, mas esta não é a única forma em que se manifestam. Tais modos também são articulados pelas comunidades religiosas em termos da forma como Deus quer que os humanos existam no mundo. Alguns dos documentos do Concílio Vaticano II são os mais articulados desta segunda forma de articular a política dignitária. Estes documentos caracterizam o mundo secular como incapaz de discernir as melhores formas da vida humana e da relacionalidade. Como consequência, os humanos seculares são incapazes de viver de tal forma que seria apropriado para a sua dignidade intrínseca. O papel da Igreja é o papel do discernimento pastoral: nas situações onde a cultura tecnocientífica está criando ou variando novos padrões de ser no mundo, a exigência pastoral é discernir quais os modos de viver que são consistentes com a dignidade e propor formas nas quais o poder poderia ser exercido com conformidade. Este tipo de discernimento pastoral chegou a marcar muitas das publicações subsequentes do Vaticano sobre as novas tecnologias e, mesmo, as novas formas tecnológicas de viver no mundo. Penso, no entanto, que os usos mais articulados destas políticas dignitárias pós-Vaticano II foram, por sua vez, articulados por aquilo que podemos chamar de Teologia da Libertação.  Há a impressão de que a Teologia da Libertação foi melhor em transformar as políticas dignitárias em práticas do que outros aspectos da Igreja Católica — que, de certa forma, faz paralelo entre a experiência das políticas dignitárias e os direitos humanos. A ONU, ao longo dos últimos 50 anos, esteve em menos condições de dar forma à prática dos direitos humanos do que muitas outras organizações não governamentais.

Em todo caso, penso que os modos biopolítico e dignitário de raciocínio se tornaram formas predominantes de relacionar a religião e a questão do humano e os meios sociais que estão sendo dominados pelas instituições, práticas e formas de pensar características da ciência e tecnologia. Acho que o lugar onde precisamos prestar atenção — e é aqui que o meu atual trabalho está focado — é em como as comunidades religiosas e outras estão retrabalhando e conectando os modos biopolítico e dignitário de raciocínio na luta para trazer à articulação uma racionalidade política e ética mais poderosa. Será fundamental assistir e ver — e, onde for apropriado, contribuir para — a formação destas racionalidades religiosas políticas híbridas.

IHU On-Line – Nesse contexto, como as novas formas de vida antropossintéticas restabelecem uma nova ecologia biológica na contemporaneidade?

Gaymon Bennett – A meu ver, esta é uma das perguntas mais interessantes. Num de seus últimos artigos, Michel Foucault  propôs que uma atitude moderna ou um ethos moderno fosse uma atitude em que deveríamos perguntar: que diferença faz o hoje em relação a ontem? Para responder a esta pergunta, Foucault sugeriu que precisamos cultivar práticas éticas nas quais nos envolvamos simuladamente numa interrogação crítica do mundo, mas que também sempre reconheçamos que pertencemos ao mundo que nós criticamente interrogamos. Isso significa, na visão do Foucault, que não temos direito de “menosprezar o presente”.

Penso que a máxima de Foucault de não menosprezarmos o presente continua sendo um dizer poderoso na atualidade. Ele nos coloca numa situação em que não podemos criticar o que está errado no mundo como se não participássemos nele e como se houvesse outro mundo, mais utópico, para o qual simplesmente poderíamos escapar. Uma atitude que interroga criticamente o presente mas que se recusa a menosprezá-lo é uma atitude bastante difícil — quanto mais compreendo os detalhes específicos de como e onde a ciência, a tecnologia e a religião estão interagindo no mundo, mais me percebo exposto às injustiças, mesquinharias e banalidades do mundo! Mas não é como seu eu ficasse à parte de todas estas coisas, independentemente de quanto eu tente não exacerbá-las.

A questão aqui, e a razão por que eu trago a máxima de Foucault em relação à sua pergunta, é que penso haver uma tendência ou para pensar da criação das novas ecologias biológicas no mundo como algo inevitável ou como algo intrinsecamente problemático. Acho que nenhuma das duas seja verdadeira. Na verdade, acho que estamos criando novas ecologias biológicas e não estou convencido de que isso seja necessariamente negativo em seu todo — embora, dadas as forças de dominação e exploração no mundo, seja provavelmente negativo na maior parte das vezes. Penso que precisamos lembrar de pensar o “bio”, presente no termo “biológico”, em seu rico sentido primeiramente sublinhado por Hannah Arendt . Assim como esta autora apontou, bio é um prefixo que se refere à vitalidade pura, frequentemente interpretada em relação à “biologia”. Mas ele também é um prefixo que se refere a uma vida vivida humanamente — como em “biografia”. Uma importante questão, hoje, que precisamos pensar a respeito e com a qual temos que lidar é a seguinte: dado que a criação de novos organismos vivos é uma prática humana atualmente, prática que está conectada a novas formas de vida científicas integradas nas novas tecnologias das instituições científicas, como devemos envolver criticamente o “logos” da “bios”? Quais são as ecologias humanas e não humanas que estão sendo criadas não só porque liberamos organismos geneticamente modificados ou novos geneticamente para dentro das paisagens ambientais existentes, mas também quais as ecologias humanas e não humanas que estão sendo criadas pelo simples fato de que vivemos num mundo onde uma grande maquinaria política e econômica está sendo posta em funcionamento para a criação destes organismos e para o investimento de nossas esperanças — e medos — nos mundos que estes empreendimentos podem criar? São estas ecologias mais amplas — ecologias de novas instituições e práticas — tanto quanto os novos organismos vivos ou sintéticos que, penso, precisarão ser o espaço para reflexão profunda e sustentada sobre as relações entre ciência, religião e tecnologia hoje.

Leia mais…

– O lugar do antropos sintético. Entrevista com Paul Rabinow e Gaymon Bennett na edição 429 da IHU On-Line, de 15-10-2013.

Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde

17/11/2014 16:35

Direitos dos animais serão discutidos em encontro e palestras na UFSC

05/11/2014 20:04

O Observatório de Justiça Ecológica da UFSC convida a comunidade acadêmica para participar do “I Encontro Catarinense de Direitos Animais” e do “IV Ciclo de Palestras de Direitos Animais”, nos dias 13 e 14 de novembro, no auditório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), com o tema “Os animais e o Direito: uma interlocução necessária”.

O evento é gratuito e aberto à comunidade; no entanto, em razão da limitação do espaço físico será necessário inscrição prévia. Os interessados deverão enviar e-mail com nome completo e CPF para , indicando no assunto “inscrição”. Será fornecido certificado de horas complementares.

Até 9 de novembro poderão ser enviados trabalhos científicos para apresentação no evento. Programação e informações: Observatório de Justiça Ecológica

Estarão presentes a professora Fernanda Luiza Fontoura de Medeiros, autora da obra “Direitos dos Animais” (2013); o professor José Rubens Morato Leite, pesquisador destaque da UFSC em 2011; a advogada Renata Fortes, do Instituto Sea Shepherd Brasil; e outros convidados de diferentes áreas e universidades do Brasil.

As tecnociências e a modelagem da vida

22/10/2014 14:58

http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php

As tecnociências e a modelagem da vida
Por ocasião do XIV Simpósio Internacional IHU: Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. A modelagem da vida, do conhecimento e dos processos produtivos na tecnociência contemporânea, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, e a ser realizado nesta semana, nos dias 21 a 23 de outubro, a presente edição da IHU On-Line debate alguns dos impactos da tecnociência contemporânea. Contribuem na discussão alguns dos pesquisadores nacionais e internacionais que participarão do evento.

Contribuem para o debate Nikolas Rose, Jesús Conill, Flavia Costa, Luis David Castiel, Anna Quintanas Feixas, Alberto Cupani, Virgínia Chaitin e Luiz Mazzei, Halina Leal e Miguel Ângelo Flach, Irene Machado, Luiz Henrique Lacerda Abrahão e Jennifer Prah Ruger.

Nikolas Rose: Biopolítica e complexidade – Da cidadania biológica à ética somática
Flavia Costa: Capitalização, estetização, realização. Corporalidades e a modelagem de si
Luis David Castiel: Medicina, técnica, ética e os dilemas preemptivistas na saúde
Carlos Naconecy

“Se peixes têm direitos, a exploração humana dos oceanos deve ser revogada?”

Fábio de Oliveira

Ética animal e o direito à inviolabilidade da vida.

“Cuidados paliativos: atenção ao fim da vida”

06/10/2014 22:13

Acadêmicos do 5º ano do curso de Medicina da UFSC chamam para a a 48ª Jornada Catarinense de Debates Científicos e Estudos Médicos, nos dias 7, 8 e 9 de outubro, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. O tema é “Cuidados paliativos: atenção ao fim da vida”. Inscrições pela internet até o dia do evento.

A Jornada é um evento tradicional no cenário científico catarinense e este ano apresenta palestras multidisciplinares a respeito da Medicina Paliativa, a fim de discutir, debater e apresentar assuntos de grande importância como morte, envelhecimento, conceitos éticos, psicológicos e legais, controle de sintomas entre muitos outros, com apresentações de palestrantes renomados local e nacionalmente.

A jornada dá direito a certificado de 9 horas. As vagas são limitadas; inscrições estão abertas e podem ser feitas diariamente das 12h às 13h15min no Centro de Ciências da Saúde (CCS), hall do Hospital Universitário (HU) e hall do novo prédio da Medicina. A taxa é R$ 40.

Programação detalhada na página no facebook: www.facebook.com/JornadaCatarinense

http://noticias.ufsc.br/2014/10/jornada-catarinense-de-debates-cientificos-e-medicos-discute-cuidados-paliativos/#more-118375

TED – “tecnologia, entretenimento e design”

06/10/2014 11:53

Novidades da neurociência ao funk carioca serão apresentadas desta segunda-feira (6) até sexta-feira (10) na conferência TED Global, em Copacabana, no Rio. A série de palestras e apresentações de diversas áreas tem a missão de mostrar “ideias que merecem ser espalhadas”, e terá sua primeira edição oficial no Brasil. O nome vem da sigla “tecnologia, entretenimento e design”. Serão 66 nomes entre cientistas, artistas e ativistas de todo o mundo (veja programação abaixo).

Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro que criou o exoesqueleto mostrado na abertura da Copa; Glenn Greenwald, jornalista norte-americano que revelou a espionagem do governo dos EUA; Vincent Moon, diretor francês de vídeos musicais; Melissa Flemming, norte-americana porta-voz da Comissão de Refugiados da ONU; Fabien Cousteau, ambientalista francês neto de Jacques Cousteau; e José Padilha, diretor brasileiro, estão entre os palestrantes. As participações têm no máximo 18 minutos.

Neurocientista realiza projetos com patente livre (Foto: José Luiz Somensi/Divulgação)Neurocientista Miguel Nicolelis vai falar no TED, no
Rio (Foto: José Luiz Somensi/Divulgação)

O TED também vai virar baile funk com a apresentação da Batalha do Passinho, projeto de dançarinos cariocas. Outros números artísticos, selecionados para se intercalar às conversas, vão ser da cantora argentina Juana Molina, da franco-chilena Ana Tijoux e do grupo de cumbia argentino TEDx, que transforma palestras anteriores em canções com o ritmo latino.

O tema do TED Global 2014 é “Sul”, porque esta é uma das raras edições fora do Hemisfério Norte. O foco das conversas não fica só nas ciências exatas e se expande para projetos sociais e ambientais relativos a países em desenvolvimento.

Vídeos na web e telões na cidade
As vagas na plateia são disputadas. O público de mil pessoas, de 69 países diferentes, segundo a organização, passou por uma seleção e pagou taxa de US$ 6 mil (R$ 15 mil). Para o público geral, o TED publica em seu site de graça o vídeo de uma palestra por dia. Aos poucos, as apresentações do Rio serão divulgadas na web. Não há exibição ao vivo na internet – apenas para os assinantes do serviço pago TED Live.

Porém, nesta edição, alguns espaços públicos fora do auditório, como a Biblioteca Parque Estadual, no Centro, a Escola Politécnica da UFRJ e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, vão exibir as palestras durante a semana em telões.

Outras edições independentes, chamadas TEDx, já aconteceram no Brasil. Mas esta é a primeira conferência oficial no país. O evento surgiu nos EUA em 1984 e tem vários eventos por ano pelo mundo. Bill Gates, Al Gore, Bono e Bill Clinton já fizeram suas “TED Talks”.

Joe Landolina, 21 anos, inventor 'adotado' pelo TED (Foto: Divulgação)Joe Landolina, 21 anos, inventor do gel instantâneo
anti-hemorrágico estará no TED (Foto: Divulgação)

Primeiro dia: jovens criadores
A segunda-feira (6) será toda dedicada aos TED Fellows, grupo de 20 jovens com ideias promissoras adotadas pela fundação que produz as conferências. O G1 conversou com dois dos jovens que vão mostrar suas invenções e projetos em Copacabana.

Aos 21 anos, o norte-americano Joe Landolina desenvolve um gel que interrompe sangramentos quase instantaneamente. O chamado “Veti-gel” já é liberado nos EUA para uso veterinário. O gel tem substâncias que imitam o material produzido pelo organismo para estancar feridas e se mistura ao tecido da pele. Testes feitos com tecido animal impressionaram acadêmicos e jornalistas dos EUA. Clique para assistir ao vídeo.

Vídeo mostra gel anti-hemorrágico instantâneo em tecido animal; inovação estará no TED Global no Rio (Foto: Reprodução / YouTube)Teste em tecido animal de gel anti-hemorrágico;
criador estará no TED (Foto:Reprodução / YouTube)

O próximo passo é liberar o uso em humanos. “Vamos submeter a aprovação até o meio do ano que vem”, diz Joe. A meta a longo prazo é ousada. “Em dez anos, espero não apenas prover uma solução instantânea para todos os tipos de sangramentos, mas também um produto que trata feridas sem deixar cicatrizes”, conta Joe. “Estou animado para apresentar essa tecnologia no Rio e encontrar aí pessoas para colaborar comigo”.

Um dos brasileiros entre os TED Fellows, o artista Thiago Mundano é criador do Pimp My Carroça. Ele faz ilustrações em carroças de catadores de produtos reciclados nas ruas. O desejo é que a cidade “enxergue” os catadores. “A invisibilidade dos catadores não é exclusiva do Brasil, mas do mundo inteiro. São mais de 20 milhões prestando um serviço importante ao meio ambiente sem terem reconhecimentos, e acredito que o TED é uma boa ferramenta pra espalhar essa ideia”, diz, antes da palestra.

TED Global 2014

De segunda-feira (6) a sexta-feira (10) no Copacabana Palace, no Rio

Segunda-feira
12h a 16h15

Apresentação da equipe de 20 TED Fellows, jovens com projetos promissores adotados pela fundação

Terça-feira
9h às 18h45
Sessão 1 – Histórias

Marie Arana – Biógrafa e crítica literária peruana
Jose Miguel Sokoloff – Publicitário colombiano
Andrés Ruzo – Geólogo peruano
Danay Suárez – Cantora e compositora cubana
Takasha Yawanawá – Chefe do grupo indígena Yawanawá, no Acre

Sessão 2 – Recomeço digital
Zeynep Tufekci – Socióloga turca
Pia Mancini – Cientista política e ativista argentina
Alessandra Orofino – Economista brasileira
Gustavo Ollitta – Artista circense brasileiro
Glenn Greenwald – Advogado e jornalista norte-americano
Andy Yen – Administrador de sistemas norte-americano

Sessão 3 – Cruzando fronteiras
José Padilha – Cineasta brasileiro
Ethan Nadelmann – Ativista norte-americano
Dilip Ratha – Economista indiano
Taiye  Selasi – Escritora e fotógrafa londrina
Grupo TEDx – Banda argentina de cumbia

Quarta-feira
9h às 18h45

Sessão 4 – Trabalho de campo
Oren Yakobovich – Ativista israelense
Severine Autesserre – Cientista política na Columbia University, nos EUA
Doreen Khoury – Ativista libanesa
Charmian  Gooch – Ativista anti-corrupção britânica
Circle of Sound – Duo de world music europeu
Ameenah Gurib-Fakim – Bióloga das Ilhas Maurício

Sessão 5 – Tela urbana
Robert Muggah – Cientista social canadense
Su Yunsheng – Urbanista chinês
Haas&Hahn – Artistas holandeses
Batalha do Passinho – Grupo de dança brasileiro
Grimanesa Amorós – Artista peruana

Sessão 6 – Tecnologia que dá poder
Rodrigo Baggio –  Ativista da inclusão digital brasileiro
Bruno Torturra – Jornalista brasileiro
Steve Song – Empreendedor norte-americano
Syed Karim – Fundador da empresa americana Outernet
Ana Tijoux – Cantora franco-chilena
Miguel Nicolelis – Neurocientista brasileiro
Sessão 7 – Projetos
Tasso Azevedo – Engenheiro florestal brasileiro
Ilona Szabó de Carvalho – Especialista em segurança brasileira
Melissa Fleming – Executiva norte-americana
Michael Green – Economista e escritor britânico
Casuarina – Banda carioca

Quinta-feira
9h às 18h45
Sessão 8 – Lentes

Wendy Freedman – Astrônoma canadense
Jorge Soto – Engenheiro mexicano
Vincent Moon – Diretor francês
Naná Vasconcelos – Músico brasileiro
Elizabeth Pisani – Epidemiologista e jornalista norte-americana
Jimmy Nelson – Fotógrafo britânico
Sessão 9 – Necessidades básicas
Sipho Moyo – Ativista africana
Teresa Corção – Chef brasileira
Isabel Hoffmann – Empresária portuguesa
Juliana D’Agostini – Pianista brasileira
Joe Madiath – Empreendedor social indiano
Navi Radjou – Administrador indiano

Sessão 10 – Ação lateral
Khalida Brohi – Ativista feminista paquistanesa
Vik Muniz – Artista plástico brasileiro
Alejandro Aravena – Arquiteto e urbanista chileno
Misha Glenny – Jornalista britânico
Ricardo Semler – Empresário brasileiro
Juana Molina – Cantora e atriz argentina

Sexta-feira
9h às 13h
Sessão 11 – Espaços poderosos
Fabien Cousteau – Ambientalista francês
Mark Plotkin – Especialista em etnobotânica norte-americano
Robert Swan – Ambientalista britânico
Matthieu Ricard – Monge budista francês
Aakash Odedra – Coreógrafo britânico

Sessão 12 – Lutadores
Kimberley Motley – Advogada norte-americana
Omoyele Sowore – Editor nigeriano
Fred Swaniker – Educador ganês
Ruslana – Cantora ucraniana

http://g1.globo.com/tecnologia/ted-global/2014/noticia/2014/10/ted-estreia-no-brasil-com-ideias-inovadoras-da-neurociencia-ao-funk.html