IHU – A “mais bela” explicação sobre a Criação, segundo Albert Einstein

06/10/2015 13:33

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/547634-a-mais-bela-explicacao-sobre-a-criacao-segundo-albert-einstein

A “mais bela” explicação sobre a Criação, segundo Albert Einstein

“Naturalmente, a fama de Lemaître não demorou para chegar ao Vaticano. Apesar das tentativas depreciativas do tão brilhante quanto desbocado Fred Hoyle e dos seguidores da teoria do universo estacionário — o mesmo Hoyle, durante um programa da Rádio BBC, batizaria com bastante veneno a teoria de Lemaître como Big Bang, em 1949 —, o modelo de universo em permanente expansão era imparável”, escreve Enrique Joven Álvarez, doutor em Ciências Físicas e engenheiro no Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC), em artigo publicado por El País, 02-10-2015.

Eis o artigo.

Sabemos que ciência e religião nunca se deram muito bem. Houve um tempo, já distante, que conciliar os dois termos não só era aconselhável, mas quase obrigatório. Caso contrário, perguntem às cinzas de Giordano Bruno ou a seu compatriota Galileu, forçado muito a contragosto a reposicionar a Terra no centro do Universo quando esta já havia encontrado seu lugar. Se para os católicos a situação era difícil, os protestantes não ficavam muito atrás, e Kepler, um contemporâneo de Galileu e Bruno, esteve a ponto ver sua mãe queimada na fogueira assim como a imaginação deBruno por suposta bruxaria.

No entanto, nem sempre os preconceitos circulam na mesma direção. Mesmo em tempos mais recentes.

Talvez um exemplo disso seja o físico e matemático belga Georges Lemaître. Nem mesmo uma cratera na Lua e o nome de uma nave espacial da ESA —o ATV5, que também já virou cinza— nos faz lembrar dele. E isso porque estamos falando do homem que se atreveu a corrigir —educadamente, é verdade— o próprio Albert Einstein, antevendo o que Edwin Hubble comprovaria mais tarde com telescópios de Mount Wilson: a expansão do Universo. O que todos nós conhecemos hoje como o Big Bang.

Lemaître nasceu em Charleroi (Bélgica), em 1894. Apaixonado pelas ciências e engenharia, teve que interromper seus estudos aos 20 anos para defender seu país, imerso na Primeira Guerra Mundial, sendo até mesmo condecorado como oficial de artilharia. Não deve ter gostado nada da experiência e, horrorizado, decidiu virar padre.

Era o ano de 1923. Mas Lemaître não abandonou sua primeira vocação. Sua formação acadêmica em física e matemática foi formidável, começando por sua passagem pela Universidade de Cambridge e terminando com um doutorado no ainda mítico Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Pouco depois, em 1927, publicaria em uma revista local o esboço de seu modelo de universo. Partindo dos postulados de Einstein —um cosmos estático de massa constante—, chega a um resultado totalmente diferente: o raio do universo tinha de crescer continuamente para ser estável. Ao tomar conhecimento da hipótese, o gênio alemão rejeita a ideia veementemente: “Seus cálculos estão corretos, mas o modelo físico é atroz”. E isso mesmo levando em conta queLemaître sempre fazia uso da famosa constante cosmológica inventada pelo próprio Einstein, a qual mais tarde o alemão renegaria com mais veemência do que a utilizada por Galileu para escapar da fogueira purificadora. Em 1931, seu trabalho chegou às páginas da Nature, detalhando sua teoria completa do “átomo primordial” ou “ovo cósmico”, e de suas linhas surgiria o que depois foi chamada exclusivamente Lei de… Hubble.

Einstein e Lemaître concordaram em várias ocasiões. Einstein, agnóstico, duvidava do padre belga, já que seu modelo cosmológico logicamente era acompanhado de uma origem divina (?) no espaço-tempo, e tanto ele quanto muitos astrofísicos não gostavam nada disso. Mas o admirava. Uma vez, durante uma estadia em Bruxelas e dando uma palestra diante de um público erudito, Einstein espetou: “Suponho que não devem ter entendido nada, exceto, claro, o abade Lemaître“. Em território comanche, juntos em Princeton, Einstein também deixou escapar ao ouvir seu colega belga pregar: “Esta [de Lemaître] é a mais bela explicação da Criação que já ouvi”. O detalhe é que realmente estava falando sério.

Naturalmente, a fama de Lemaître não demorou para chegar ao Vaticano. Apesar das tentativas depreciativas do tão brilhante quanto desbocado Fred Hoyle e dos seguidores da teoria do universo estacionário — o mesmo Hoyle, durante um programa da Rádio BBC, batizaria com bastante veneno a teoria de Lemaître como Big Bang, em 1949 —, o modelo de universo em permanente expansão era imparável. Lemaître ocupou diferentes cargos na Academia Pontifícia das Ciências, sendo assessor pessoal do Papa Pio XII. E este não queria deixar passar tal oportunidade. Se o Universo tem 13,7 bilhões de anos, importaria muito se fosse criado em sete dias bíblicos ou em pouco mais de 10 segundos? Para o grande pesar de Pio XII —que, curiosamente, foi elogiado por Einstein em sua defesa dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial—, Lemaître evitou explorar a ciência para o benefício da religião. São suas as palavras:

Einstein, agnóstico, duvidava do padre belga, já que seu modelo cosmológico era acompanhado de uma origem divina Mas o admirava

Depois de escutar Lemaître, o prudente Pio XII abandonou a ideia de transformar o Big Bang em um dogma de fé

“O cientista cristão tem os mesmos meios que seu colega não crente. Também tem a mesma liberdade de espírito, pelo menos se a ideia que tem das verdades religiosas está à altura de sua formação científica. Sabe que tudo foi feito por Deus, mas também sabe que Deus não substitui suas criaturas. Nunca será possível reduzir o Ser Supremo a uma hipótese científica. Portanto, o cientista cristão avança livremente, confiante de que sua pesquisa não pode entrar em conflito com sua fé”. Depois de escutar Lemaître, o prudente Pio XII abandonou a ideia de transformar o Big Bang em um dogma de fé.

Lemaître morreu em 1966, apenas dois anos após a descoberta irrefutável da radiação de fundo em micro-ondas, o eco proveniente da origem do Universo, de seu Big Bang. Talvez seu nome pintado na placa de uma nave espacial não faça justiça suficiente a uma mente —crente ou não— divina.

proibição do uso cruel, letal e abusivo de antibióticos na pecuária industrial

24/09/2015 19:00

Fazendas pecuárias cruéis estão entupindo animais saudáveis de antibióticos para produzir mais carne de forma mais rápida e barata. Esta crueldade insana também está gerando superbactérias resistentes a remédios e que podem nos matar!

Vários países europeus já reduziram drasticamente o uso de antibióticos. Agora os ministros da União Europeia estão negociando leis para fazer o mesmo em todo o continente.

A importância de reduzir a crueldade contra os animais ao mesmo tempo em que se poupa vidas humanas é algo tão óbvio que até mesmo o McDonalds prometeu que pararia de vender frangos que fossem criados com alguns dos antibióticos nos Estados Unidos. Entretanto, o lobby das indústrias farmacêutica e agropecuária trabalha a todo vapor para deter as novas leis europeias.

Dentre os ministros da União Europeia que se reunirão em breve, muitos ainda não decidiram que posição tomar. Vamos fazer uma campanha com milhões de assinaturas pedindo a proibição do uso cruel, letal e abusivo de antibióticos na pecuária industrial e entregar a petição para cada um deles. Assim que vencermos na Europa, vamos levar a causa ao redor do mundo. Assine agora e compartil he com todo mundo:

https://secure.avaaz.org/po/antibiotics_factory_farms_rb_loc_/?tbtGIjb

A Organização Mundial de Saúde emitiu alertas graves sobre como as bactérias resistentes a antibióticos podem torná-los inúteis no combate de doenças infecciosas, como a tuberculose e a pneumonia. Grande parte da medicina moderna depende de antibióticos, incluindo os tratamentos de câncer e operações cirúrgicas — um relatório recente estima que morrerão até 2050 se não salvarmos os antibióticos.

Doses baixas e constantes de antibióticos geram superbactérias. E, embora o abuso de antibióticos da parte das pessoas também contribua para o aumento da resistência, pouco tem sido feito para reduzir a enorme quantidade de antibióticos administrados aos animais de criação: dois terços dos antibióticos produzidos nos EUA e Europa são usados em animais!

Dinamarca, Suécia, Noruega e Holanda mostraram que é possível produzir carne com muito menos antibióticos, mas com a exportação de carne e bactérias através das fronteiras, é preciso efetuar mudanças em outros países.

Muitas pessoas gostariam de fechar fazendas pecuárias perigosas de uma vez por todas. Estas novas leis da União Europeia serão um passo enorme para a melhoria do bem-estar animal e da saúde humana. Porém, de acordo com especialistas, os ministros não estão sentindo nenhuma pressão pública: podemos mudar isso agora.

Assine a petição e espalhe a campanha: quando chegarmos a um milhão de assinaturas, a Avaaz vai conduzir pesquisas de opinião e trabalhar com países defensores da causa para levar a nossa petição direto para o plenário antes da votação na União Europeia:

https://secure.avaaz.org/po/antibiotics_factory_farms_rb_loc_/?tbtGIjb

Milhões de membros da Avaaz ajudaram a proteger baleias, pintinhos de granjas e outros animais. Agora vamos nos unir novamente para proteger um dos pilares da medicina moderna e conquistar essa vitória para os animais e para todos nós.

Com esperança,

Alex, Allison, Laila, Alice, Antonia, Alaphia, Ricken e toda a equipe da Avaaz

MAIS INFORMAÇÕES

Primeiro a saúde e a segurança alimentar! (O Público)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/primeiro-a-saude-e-a-seguranca-alimentar-1691883

Em defesa de uma carne mais saudável (Gazeta do Povo)
http://www.gazetadopovo.com.br/saude/em-defesa-de-uma-carne-mais-saudavel-5dfrk4fi9jhlmi6wa4tkq2rta

OMS: Infecções comuns podem matar de novo por resistência a antibióticos (Terra)
http://saude.terra.com.br/oms-infeccoes-comuns-podem-matar-de-novo-por-resistencia-a-antibioticos,185895f2aa50d410VgnCLD200000b2bf46d0RCRD.html

Antibióticos – Sumário da resistência antimicrobiana (CIWF) (em inglês)
http://www.ciwf.org.uk/research/human-health/antibiotics-briefing-antimicrobial-resistance/

Resistência a antibióticos é agora “ameaça global”, adverte OMS (BBC) (em inglês)
http://www.bbc.com/news/health-27204988

Alimentos, agropecuária e antibióticos: um desafio para os negócios na área de saúde (The Guardian) (em inglês)
http://www.theguardian.com/sustainable-business/food-farming-antibiotics-health-challenge-business

Por que fazendas também devem lidar com a resistência a antibióticos (EurActiv) (em inglês)
http://www.euractiv.com/sections/health-consumers/why-antibiotic-resistance-must-be-tackled-farm-too-310078

A Avaaz é uma rede de campanhas global de 41 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas nacionais e internacionais. (“Avaaz” significa “voz” e “canção” em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 18 países de 6 continentes, operando em 17 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga noFacebook ou Twitter.

Simpósio ‘A Vida Medicada: Medicalização da Infância’ com inscrições abertas

26/08/2015 15:03

 

O “III Simpósio A Vida Medicada: Medicalização da Infância” está com inscrições abertas até 30 de setembro. O evento será realizado nos dias 19 e 20 de novembro, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O simpósio pretende gerar um espaço de interação e troca com pesquisadores brasileiros e estrangeiros interessados em discutir os limites e dificuldades do processo de medicalização da infância. Neste sentido, foram definidos três eixos temáticos do evento:

1. O DSM e a proliferação de novos diagnósticos: procura indagar sobre a influência do DSM na multiplicação de novos transtornos e os diferentes mecanismos de categorização dos sofrimentos psíquicos;

2. A medicalização da infância em perspectiva histórica: pretende compreender a partir da analise histórica o processo de criação dos chamados transtornos mentais da infância, o sistema classificatório utilizado, o surgimento dos testes e os modelos estatísticos, assim como as mudanças, continuidades e descontinuidades no saber médico psiquiátrico como parte da medicalização infantil e a detecção de diagnósticos precoces;

3. Ética, indústria farmacêutica e medicalização da infância: busca analisar criticamente o papel da indústria farmacêutica no processo de medicalização infantil, suas implicações éticas e os dispositivos de patologização dos sofrimentos psíquicos.

A atividade é organizada pelos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva e Interdisciplinar em Ciências Humanas.

Mais informações no site.

Bancos de perfis genéticos

19/08/2015 14:10

http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/bancos-de-perfis-geneticos-o-consentimento-e-um-direito-fundamental-entrevista-especial-com-rodrigo-garrido/545881-bancos-de-perfis-geneticos-o-consentimento-e-um-direito-fundamental-entrevista-especial-com-rodrigo-garrido

 

Lei no 12.037, que autorizou a criação de um banco genético para identificar criminosos no país, foi aprovada “com muita pressa”, avalia Rodrigo Garrido na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line. Segundo ele, a “produção da prova técnica é importantíssima para a resolução de demandas legais”, mas a lei gera “uma mistura de identificação com produção de prova, o que confunde a aplicação e abre caminho para se desrespeitar os direitos fundamentais”.

Ao mesmo tempo em que os bancos de perfis genéticos podem contribuir na resolução de crimes e localização de pessoas, Garrido enfatiza que não concorda com coletas compulsórias. “Acredito que para se acessar qualquer material biológico, sobretudo os dados genéticos, deve se ter o consentimento do doador. Entendo o consentir como um direito fundamental”, frisa.

Lei no 12.037 foi promulgada no Brasil em 2009 e teve ampla aceitação. De acordo com Garrido, a corroboração social está relacionada com o fato de a sociedade ter sofrido constantemente com a violência. “Isso cria uma ideia dejustiça distorcida, algo semelhante a um revanchismo. Assim, qualquer proposta estatal que promete reduzir a violência é apoiada pela população e estimulada pelas mídias. Além disso, a sociedade atual demanda mais do que repressão e punição de criminosos, quer monitorar e controlar comportamento. Assim, no contexto da genética forense, se não considerarmos direitos fundamentais, é possível pensar em punir de forma preditiva”, pontua.

Rodrigo Garrido é biomédico e licenciado em Biologia. Especialista em Análises Clínicas, em Bioética e em Gestão Escolar, é mestre em Ciências Farmacêuticas e doutor em Ciências. É Perito Criminal da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, tendo atuado no Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no qual foi Chefe do Serviço de Perícias de Petrópolis-RJ. Atualmente, atua no Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense, onde ocupa o cargo de diretor. É Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Garrido esteve na Unisinos participando do II Congresso Internacional sobre Bancos de Perfis Genéticos para fins de Persecução Criminal, que acontece entre os dias 17 e 19 de agosto, organizado pelo Curso de Ciências Jurídicas da Universidade.

Tribunal europeu autoriza a eutanásia de francês em estado vegetativo

05/06/2015 17:58

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/tribunal-europeu-autoriza-eutanasia-de-frances-em-estado-vegetativo.html

A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH), em Estrasburgo, decidiu aceitar o pedido da esposa do enfermeiro francês Vincent Lambert de praticar a eutanásia no paciente, segundo a rede de televisão italiana RAI. Lambert, de 38 anos, está em estado vegetativo crônico e tetraplégico desde 2008, quando sofreu um acidente de moto que lhe provocou uma lesão cerebral.

Vários especialistas em neurociência consideram a lesão do enfermeiro irreversível, disse a RAI, e, por isso, a esposa dele, apoiada pelos médicos que tratam do caso, solicitaram ao Conselho de Estado francês que fossem desligadas as máquinas que mantêm o paciente vivo.

Na França, uma lei de 2005 autoriza a interrupção de tratamentos desnecessários ou desproporcionados, cujo único propósito é a manutenção artificial da vida.

O governo da França aceitou o pedido em junho de 2014, mas os pais de Lambert, que são contra o procedimento, recorreram da decisão e apelaram para a corte europeia. No mesmo dia da decisão francesa, a CEDH pediu a suspensão temporária da decisão para examinar o dossiê.

Agora, após sofrer nova derrota, a mãe do enfermeiro afirmou que a decisão “é um escândalo”. “Estamos tristes, mas vamos lutar novamente”, disse ela, segundo a RAI.

Já a esposa de Lambert disse que não tem motivo para comemorar. “Não há nenhum alívio, não há alegria a ser expressa”, afirmou ela.

O médico Eric Kariger, que supervisiona o caso, afirmou à France Info que a notícia “é um pequeno passo para Vincent Lambert, mas um grande passo para a nossa humanidade”.

Califórnia legaliza a eutanásia
Na quinta-feira (4), o Senado da Califórnia aprovou a lei SB-128, que legaliza a eutanásia neste estado americano para casos de doentes terminais com uma expectativa de vida inferior a seis meses, uma controvertida medida que continuará sua tramitação agora na Assembleia estadual, informou a agência EFE.

A legislação usou como referência a lei vigente no Oregon, que remonta a 1997, estado que junto com Novo México, Vermont e Washington autoriza o suicídio assistido por médicos. Em Nova York, este tipo de intervenção é aceito de forma mais restrita, como quando o médico retira o suporte vital de um paciente.

A SB-128 surgiu como resposta ao caso de Brittany Maynard, uma jovem californiana de 29 anos que sofria um tipo invasivo de câncer cerebral e que se mudou para o Oregon para pôr fim a sua vida em 2014.

Suicídio Assistido: Uma decisão pelo fim. “É meu direito à dignidade”

29/05/2015 11:22

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/543053-uma-decisao-pelo-fim-e-meu-direito-a-dignidade

A morte por suicídio assistido de um empresário inglês, ocorrida na Suíça, reabriu o debate sobre a eutanásia na Grã-Bretanha. Jeffrey Spector foi diagnosticado, em 2009, com um câncer na parte superior da coluna vertebral que o deixaria paralítico, e decidiu acabar com sua vida após se despedir dos seus em um jantar familiar. Pediu que não o julgassem por isso e alegou que agia assim “pelo bem de sua família”. Como a eutanásia é ilegal no Reino Unido, o britânico compareceu a uma clínica com sede em Zurique, que cobra cerca de 10.000 euros pelo serviço.

A reportagem é publicada por Página/12, 27-05-2015. A tradução é do Cepat.

Na quarta-feira passada, Jeffrey Spector, de 54 anos, viajou para Suíça com sua família e amigos. No dia seguinte, comeu com eles em um restaurante e todos sorriram para uma foto. Era o último jantar: 16 horas depois, Spectormorreu em um centro de suicídio assistido em Zurique. “Estou me precipitando. Considero esta a opção menos ruim, o melhor para minha família a longo prazo. Estou indo antes de minha hora, mas não estou assustado”, admitiu frente a uma câmera antes de morrer. “Era uma pessoa sadia, mas minha vida deu um giro de 180 graus. O que começou como uma dor nas costas, em 2008, tornou-se uma doença que me levou a tomar a decisão mais horrível. Meus amigos e principalmente minha família me incentivaram a não passar por isto”, recordou o empresário de Lytham St Annes.

Em inícios deste ano, a saúde de Spector piorou o ponto de que não demoraria a ficar completamente paralítico do pescoço para baixo. Seu diagnóstico não só era pouco venturoso, como também irreversível. “Se tivesse sido mais abaixo, na coluna vertebral, só perderia o uso de minhas pernas, teria ficado angustiado, mas pelo menos poderia enfrentar a situação”, ressaltou. Nos últimos meses, suas dores aumentaram e o empresário sentiu que a paralisia era iminente. Chamava a si mesmo de “uma bomba de tempo caminhando”. “Tinha dificuldades para usar as mãos e não sentia a pressão nos dedos. Percebi que doença cruzou a linha vermelha e que eu estava cada vez pior”. Como consequência, pediu uma reunião para ir à clínica Dignitas e colocar fim em sua própria vida.

Na Holanda, Bélgica, Colômbia, regiões da Espanha e alguns estados da Austrália e dos Estados Unidos, a regulação da eutanásia foi aprovada e declarada inconstitucional, sucessivamente, ao longo dos anos. Por isso, a legislação em certos casos é ambígua. Na Suíça, o auxílio ao suicídio não é crime: seu requisito irreversível é que por trás da atuação de quem ajuda não exista nenhuma motivação egoísta, nem de tipo pessoal ou econômica. O país alpino conta com três organizações voluntárias que dão apoio a pessoas que a solicitam – ExitAMD e Dignitas – e a assistência do médico não é necessária, exceto para a prescrição do fármaco letal. Em Dignitas – que abriu em 1998 e cobra cerca de 7.000 libras (uns 9900 euros) por paciente -, 126 britânicos acabaram com sua vida por este meio, entre 2008 e 2012, motivo pelo qual reavivou o debate no Reino Unido. O parlamentar trabalhista Charles Falconer afirmou que deseja reintroduzir um projeto de lei que aprove a eutanásia. “Independente do lado que se assuma no debate, é um tema que deveria voltar a ser debatido. Não é certo que os enfermos terminais não tenham a opção de acabar com sua vida”, disse.

Spector – casado e pai de três filhas de 21, 19 e 15 anos – esperou que sua filha menor fizesse os exames secundários para assumir sua determinação. “Sei que algumas pessoas irão me criticar. No entanto, nunca julguem ninguém, a menos que tomaram os seus sapatos. Acredito em meu direito humano à dignidade. Quero poder segurar uma xícara de chá e amparar o telefone”, explicou o britânico, que um dia antes de morrer publicou uma fotografia jantando em um restaurante com sua família.

“Agora, ele está em paz, distante do medo que o cercou nas últimas semanas de sua vida. Apoiamos e respeitamos sua decisão”, disseram seus achegados.

A quem pertencem óvulos e sêmen dos mortos?

12/05/2015 14:36

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2015/05/1627270-a-quem-pertencem-ovulos-e-semen-dos-mortos.shtml

Os limites éticos da chamada reprodução póstuma andam cada vez mais elásticos. Se anos atrás o debate jurídico era se a mulher tinha ou não o direito de usar o sêmen do marido morto para tentar engravidar, agora é a vez de avós batalharem na Justiça o direito de usar material genético de filhos mortos.

Uma americana de 59 anos deu início a uma batalha legal para ser fertilizada com os óvulos congelados de sua filha única que morreu há cinco anos e, assim, poder gestar seu próprio neto (ou neta).

A filha do casal morreu de câncer de intestino antes de completar 30 anos. Ao descobrir o tumor, em 2008, ela decidiu congelar os óvulos em uma clínica de fertilização artificial em Londres, onde morava. Seu objetivo era poder utilizá-los após o tratamento, mas ela morreu dois anos depois.

Agora, sua mãe e seu pai querem transferir os óvulos (que continuam congelados em Londres) para uma clínica de fertilidade nos EUA, que já concordou em fazer o tratamento a um custo de até US$ 92 mil (cerca de R$ 275 mil).

Mas a agência britânica que regula o uso de gametas (óvulos e sêmen) e embriões em procedimentos de reprodução assistida e em pesquisas (HFEA, na sigla em inglês) se recusou a expedir uma ordem para permitir que os óvulos sejam enviados aos EUA.

A alegação é que são insuficientes as evidências que provam que a filha queria que sua mãe gerasse o bebê. Apesar de ela ter preenchido um formulário dando autorização para que os óvulos fossem armazenados após sua morte, a mulher não deixou um documento específico dizendo como queria que eles fossem usados.

As minutas da reunião de um comitê do órgão mostram que a “maior e única prova” de que ela queria isso é uma suposta conversa com sua mãe enquanto estava no hospital em Londres.

O assunto envolve muitos questionamentos. Afinal, é ético usar os óvulos de uma mulher que já morreu e que não deixou autorização para isso? Qual a motivação que leva alguém a querer engravidar da filha morta? Essa vinculação é sadia?

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina já definiu que não é infração ética fazer inseminação “post mortem”, desde que haja autorização expressa do genitor morto. O mesmo entendimento tem países como Inglaterra, Austrália e nos EUA. Bélgica e Grécia, por exemplo, liberam a reprodução póstuma mesmo sem consentimento anterior. Já Alemanha, Suécia, França, Itália e Canadá a proíbem.

VIVOS

A polêmica não envolve só os mortos. Na semana passada, Nick Loeb, ex-noivo da atriz colombiana Sofia Vergara, declarou seu desejo de usar os embriões que congelou com a artista. O casal fez tratamento para engravidar, mas se separou em 2014. Sobraram dois embriões congelados (do sexo feminino) em uma clínica em Los Angeles (EUA).

Sofia quer que eles permaneçam congelados indefinidamente. O ex alega razões morais para tirá-los do freezer e disse estar disposto a assumir “todas as responsabilidades financeiras” para criar as meninas. “Não há nada que eu queira fazer mais que trazer essas crianças à vida para mim”, disse ele ao jornal “The New York Time”. Atriz de televisão mais bem paga do mundo, Sofia já deu a entender que o ex quer se promover às custas dela.

O fato é que o congelamento de gametas ou de embriões envolve questões que nem sempre são lembradas na hora certa. É claro que ninguém quer pensar em separação ou morte no momento em que busca um tratamento para engravidar. Mas é salutar que as clínicas pensem nisso e elaborem um termos de consentimento que deixem muito claro o que fazer com esse material genético caso as coisas não saiam como o esperado.

Cláudia Collucci

cláuCdia collucci

cláudia collucci

XI CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA

12/05/2015 14:34

http://nupebisc.ufsc.br/xi-congresso-brasileiro-de-bioetica/

O Congresso Brasileiro de Bioética, promovido pela Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) desde 1996, terá sua XI edição realizada na cidade de Curitiba, Paraná, entre 16 e 18 de setembro de 2015, ocasião em que também sediará o III Congresso Brasileiro de Bioética Clínica, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e a III Conferência Internacional sobre Ensino da Ética, promovida pela International Association for Education in Ethics (IAEE).

Comemorando os 20 anos de fundação da SBB e os 10 anos da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos da UNESCO o tema central do congresso será “BIOÉTICA E DESIGUALDADES”, refletindo o comprometimento da bioética brasileira desde o seu início com as questões sociais.

O XI Congresso Brasileiro de Bioética se constituirá em um espaço para informação, reflexão e análise de questões e proposições relacionadas às diversas formas de desigualdades e suas implicações à saúde e à vida em suas diferentes abrangências, que incluem indivíduos, coletividades e o próprio planeta.

Para mais informações a respeito de inscrição e regras para envio de trabalhos acesse : http://www.congressobrasileirobioetica.com/

De  em 16 de setembro de 2015 8:00h à 18 de setembro de 2015 17:00h

Local: Campus PUC – PR

Telefone:  (41) 3271-1515

Endereço:   Rua Imaculada Conceição, 1155 | Prado Velho , Curitiba, Paraná, 80215-901, Brasil

Fontes: http://www.sbbioetica.org.br/evento/xi-congresso-brasileiro-de-bioetica-iii-congresso-de-bioetica-clinica-iii-conferencia-internacional-em-educacao-etica/ e http://www.congressobrasileirobioetica.com/

IV CICLO DE DEBATES EM BIOÉTICA: PLS 200/2015 um retrocesso na revisão ética das pesquisas clínicas com seres humanos, uma ameaça a vida

12/05/2015 14:32

http://nupebisc.ufsc.br/

O Projeto de Lei 200/2015 constitui um retrocesso na regulamentação da pesquisa clínica, pois desconsidera o atual sistema de revisão ética da pesquisa clínica, intitulado Sistema CEP- CONEP, constituído pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), instância integrante do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), que são instâncias das instituições que realizam pesquisas no Brasil. Fragilizando gravemente a proteção da dignidade humana e dos direitos dos participantes em pesquisas clínicas. Em vários dispositivos do Projeto de Lei evidenciam-se aberturas para o predomínio dos interesses dos grandes conglomerados da indústria da saúde em detrimento da proteção à vida e à saúde dos participantes de pesquisa.

Previamente ao detalhamento dos principais problemas do Projeto de Lei, cabe frisar que a pesquisa clínica envolve práticas que impactam diretamente a vida e a saúde do participante da pesquisa. Portanto, de acordo com o inciso I do art. 200 da Constituição Federal de 1988, cabem ao Sistema Único de Saúde, além de outras atribuições: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde. Dessa forma, a supressão da revisão ética da pesquisa clínica da esfera do Sistema Único de Saúde é inconstitucional. Ainda, sob a perspectiva das normativas de direitos humanos, é dever do Estado, contemplando a participação social, a proteção dos participantes da pesquisa, descabendo-lhe abrir mão dessa obrigação internacional.

O Projeto de Lei não considera que uma lei sobre ética em pesquisa deve ser tão somente estruturar o sistema de revisão ética e prever as responsabilidades legais daqueles que não observam suas normativas. Dessa forma, deve haver um órgão que emita normas atualizadas, inclusive mediante o desenvolvimento técnico- científico, que serão balizadoras da avaliação ética. Como o Projeto de Lei não prevê tal órgão se interroga quais as instâncias previstas no Projeto de Lei que avaliarão as bases desses protocolos de pesquisa.*

O Núcleo de Pesquisa e Extensão em Bioética e Saúde Coletiva pretende abordar as problemáticas em torno do projeto de Lei 200/2015 no IX Ciclo de debates em Bioética  pretende-se por em discussão a  visão  do Conselho Nacional da Conep, os riscos de aprovação do projeto, placebo e garantia.

Com falas dos membros da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) Jucelia Maria Guedert  Mestre e  Doutora em Ciências Médicas,   Bruno Schlemper Júnior doutor em Medicina e do doutor em Saúde Coletiva  Fernando Hellmann Naturólogo coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da UNISUL.

 

IV Ciclo debates em Bioetica PLS200.2015 27-05-2015 18h

 

Será conferido certificado aos participantes

Inscrições Abertas

*Fontes e mais informações sobre Projeto de Lei 200/2015 disponíveis em: http://cebes.org.br/2015/04/projeto-de-lei-retira-da-sociedade-brasileira-o-controle-das-pesquisas-envolvendo-seres-humanos/